A língua portuguesa, o texto publicitário e a revisão

O revisor de texto é o profissional responsável por adequar o texto à norma padrão. O trabalho dele consiste em buscar falhas ortográficas, gramaticais e de estrutura sintática e semântica e corrigi-las.

Esse profissional costuma ser um velho conhecido do meio acadêmico, afinal, ninguém quer entregar uma dissertação de mestrado ou uma tese de doutorado com erros de português.

Mas e os textos publicitários? Ou o texto de um blog? Eles também deveriam passar por uma revisão textual?

Nós, do PND, acreditamos que sim.

Pois um texto cheio de “erros” não transmite credibilidade para o seu público. Dependendo do erro, às vezes, pode até mesmo passar a informação de forma inadequada, com ambiguidades indesejadas, deixando o leitor confuso.

No entanto, é preciso esclarecer que há detalhes que separam a revisão de um texto acadêmico e a revisão de um texto para as mídias em geral.

No texto acadêmico, privilegia-se a norma padrão sem questionamento. A correta colocação pronominal é imprescindível; a linguagem rebuscada é valorizada; as frases longas escritas na ordem indireta são admiradas.

Agora, o texto publicitário valoriza as frases curtas; o uso de ambiguidades; a linguagem simples, do dia a dia… afinal, ninguém está a fim de ler em uma carta de vendas: dar-te-ei gratuitamente um brinde.

Por isso, o revisor de textos deve ter uma atenção redobrada ao revisar peças publicitárias. Ele deve sempre se perguntar: quem vai ler esse texto? qual mensagem o autor quer passar? quais coisas o leitor desse texto valoriza?

Assim, correções ortográficas, se o erro não for proposital, são fundamentais. É preciso também verificar a coerência, isto é, se não há contradições dentro do texto ou do anúncio.

O revisor precisa de um olhar atento ao trabalhar com peças publicitárias. Apesar de ser um ambiente informal, não vale tudo. Há um limite imposto pela própria informalidade, erros grosseiros não são bem-quistos.

Afinal, nenhum produtor digital quer virar meme por conta de erro de português. Você com certeza já deve ter visto anúncios que parecem que foram feitos por algum criador de meme: “orelha de galinha”, “frango bovino”, “colchão inflamável”.

Mas existem desvios mais sutis que não prejudicam a compreensão, nem são risíveis. Pode-se dizer que eles são até esperados, porque aproximam autor e leitor.

Não há por que ficar na dúvida cruel se deixa “se increva” ou “inscreva-se”.

Te garanto que se o seu leitor não for um doutor em letras isso não fará a menor diferença. Aliás, isso me lembra o poema, Pronominais, de Oswaldo de Andrade.

Dê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco

Da Nação Brasileira

Dizem todos os dias

Deixa disso camarada

Me dá um cigarro.

ANDRADE, O. Obras completas, v.6-7. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.

A função primordial de um texto publicitário é se comunicar com a sua audiência. Nessas horas é sempre importante lembrar que todo texto tem um interlocutor.

Seja revisando, seja escrevendo, é preciso ter em mente que o texto existe para ser lido. A linguagem do texto precisa aproximá-lo do leitor, não o afastar.

Lembre-se: é o texto que precisa se adequar ao leitor e não o contrário.

 

 

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